'olha-me por entre a minha janela

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sábado, 22 de dezembro de 2007

U.C.I.C. - RECOBRO




Educadora de Infância. Os meus olhos brilham só de pensar nelas...Crianças. Natural Ser, perfeita ingenuidade.Sonho de vida, perfeiçao de criaturas.Emoção que dá vida. Sou feliz. Estou feliz. Mas, mentiria se dissesse que os meus olhos não brilham também por aquele outro motivo. Costumo dizer, para mim mesma, mil vezes repito, que um dia se tiver a coragem e a força suficiente, vou embarcar no sonho da enfermagem. Durante três anos, foi sonho. Tive quase na mão a realidade, mas mesmo assim, orgulhosa de mim mesma, disse que NÃO... afinal, a minha vocação era outra. Mas, mesmo assim, tenho saudades. Saudade do que não tive, mas sinto cá dentro que era capaz.

...

Esta conversa toda, porque hoje entrei na UCIC, recobro, Hospital De São Francisco Xavier. Fui visitar o meu avô. Estava com medo. Aquilo era tudo tão novo. Nunca lá tinha entrado. Os elevadores 'passeavam' pelo prédio, com doentes. Máquinas ligadas a corpos que descansavam, sendo alimentados artificialmente, pessoas em coma. Caras desfiguradas, gente triste. Bloco Operatório. Vai vém dos enfermeiros. Médicos, de bata deabotoada, passeavam o seu utensilio magnifico. Esperei uma meia hora. Não se podia entrar. Era preciso esperar. Chegou a hora. Entrei. Devagar como quem caminha para um lugar estranho, sensivel e doloroso. Senti-me mal. Passei as mãos pelo liquido azul. E avançei. Primeiro encontrei uma cama, onde um senhor tinha a cara completamente desfigurada. Passou muito mal a noite, gritou, tentou romper os tubos, muito agitado. Agora, estava calmo. Pobre homem. Tive vontade de chorar. A seguir , passei por uma cama que estava vazia. Ficara vazia, ontem. O rapaz que lá estava, chamava-se Diogo e tinha 20 anos. Foi ali parar, estupidamente. Diogo, jovem católico, pertencia a um grupo de jovens. Todas as semanas dirigia-se de carro até à igreja. A semana passada resolver que iria de mota. Presságio. Um carro não parou no STOP. Diogo, de mota, chocou, mas não teve tempo de sentir muito. Voou e foi parar a 200 metros do local. COMA. Duro? Não consigo imaginar ou suportar. Deve doer tanto. A mim faz-me tanta confusão. Tamanha injustiça. Porquê? E, agora? Como fica a namorada, os pais, a irmã, os amigos? Como? Como?
...
Continuei a andar. E , enconteri a cama do meu avô. Vazia, por sinal. Estava sentado no seu sofá. Estava magro. Muito magro. Não come. Tremia. Acho que emocionado de me ver. Não tenho grande relação com o meu avô. A verdade é essa. Mas, custou-me, vê-lo ali sentado. Foi rápida a visita. A enfermeia veio logo a correr , dizendo que o tempo dos '10 segundos' já tinham terminado. NEXT. Até à próxima, avô.
Admiro a força daquelas pessoas. Das que lá trabalham e das que sofrem. Força de viver. Força de mostrar que ainda é tmepo de viver. Um dia quero ser assim. Quero essa força.

1 comentário:

Amadeu Mendes disse...
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